domingo, 31 de janeiro de 2010

• A Flor de Moura


A Flor de Moura


Eu sou uma flor, uma pequena perto das enormes pétalas brilhantes ao meu lado. Elas quase não me notam, conversam comigo, mas não tenho papo e nem a sintonia que elas tem, principalmente quando estão juntas. Às vezes me sinto mal por isso. Às vezes não! É difícil ver que eu não sou igual as tais.

Numa primavera diferente, a flor sorridente estava perto de mim. Nossa a tanto tempo que ela não aparecia, nem lembrava mais como era o seu sorriso. Foi quando ela me disse Oi, e eu respondi. Contudo, os dias foram passando, passando e quando eu me dei conta, éramos iguais quando estávamos juntas, mesmo ela sendo uma flor com pétalas brilhantes e eu uma flor comum.

Um dia a flor sorridente me disse: “você é tão imperceptível, que se fosse embora, quem observaria quando um cravo estivesse por perto? Se você não estivesse, quem ouviria cada uma de nós em nossos momentos de inverno? Se não estivesse por perto, eu seria fraternalmente orfã”

A flor sorridente me fez ver que minha sombra era do mesmo tamanho que todas as outras flores, mas a minha vontade de ser como elas, era grande demais para eu enxergar que estava plantada um pouco mais a frente e obviamente minha sobra sombra seria menor. Assim como em maioria, as flores cobriam-me quando o sol estaria ao seu lado, ofuscando meu brilho. A flor sorridente me fez descobrir que mesmo sendo igual às outras, eu sempre serei diferente e me sinto extremamente bem por isso.

Moral da história: “Não deixe que a sua diferença abale seu comportamento ou emoções, lembre-se uma flor azul sempre se destaca entre as vermelhas.”

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

• O Falso amor

Marília conheceu Roberto aos dezenove anos, logo após o primeiro dia de aula na universidade. Agora ela tinha 22 anos, ele 24 e eram apenas “colegas” de classe, não para ela que se apaixonara por ele aos 20. Cursavam o 6° semestre de engenharia de produção na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Marília secretamente pegava-se olhando para Roberto admirando aqueles olhos castanhos, aquela pele suave e os escorridos cabelos negros que adicionavam formosura a sua face. Ele tinha um apreço particular por ela, a única reservada da turma, a “santinha” que nenhum garoto havia xavecado durante o tempo que se conheciam, não pela beleza, não mesmo, a garota era extremamente bela, com madeixas longas e roupas estilosas, sorrisos iluminados e olhar fortemente secreto, mas muito fechada e ligeiramente grossa. Foi o intervalo da aula de informática que Marília sentiu o garoto vindo na sua direção. Ela foi fria, mas por quê? Sempre foi apaixonada por ele. Não podia, não só ele, mas a todos, não podia mais sofrer. Roberto não desistiu e frequentemente conversavam nos intervalos, chegadas e saídas, dexaram-se envolver e um mês e meio após estavam “ficando”, como dizem os jovens no namoro sem compromisso e era isso que ele pretendia dizer a todos que pegou a intocável boneca engenheira. Começaram a namorar, por insistência dele e fraqueza dela, desfilavam apaixonadamente pelos corredores da faculdade, era a fase mais feliz da vida da estudante. Beijavam-se constantemente entre os amigos que logo após o namoro ela ganhara e confiara, tudo era novo, menos o medo. Luísa, amiga de Marília desde a infância, era o seu diário freqüente, contava seus sonhos, opiniões, conclusões e dividia a dor que carregava há tempos. Durante uma caminhada pela culta biblioteca municipal, Luísa ouviu estalos amorosos e sussurros secretos, viu entre os espaços das prateleiras Roberto e Joana, a garota do segundo semestre de odontologia, ela sentiu-se dividida entre uma farsa estúpida de Roberto e um amor surreal de Marília. Resolveu contar que havia presenciado quando o telefone tocou, era da universidade avisando-a que Marília foi encontrada no banheiro com os pulsos cortados; um suicídio e uma carta que dizia o seguinte: “Hoje eu saí com o Roberto e contei para ele que tinha AIDS, ele apontou-me como todos os outros, afirmou que jamais me tocaria sabendo que era defeituosa.” “Não pude suportar a dor de mais uma vez amar um ser que me odiava por uma doença que acabara de me vencer, não porque morri por ela, mas porque me entreguei a ela.” “Roberto, eu o amo mais do que a mim mesma, esse foi o meu erro, enquanto você apenas brincava eu acreditava na diversão e quando eu me dei conta já era tarde. Você me abandonou no instante em que mais precisei de você, tirou-me as forças, fiquei mais frágil que antes e resolvi me matar, não porque você não me ama, ou não me amou, mas para não cair na conversa de outro insensível que nem você. E mais uma coisa, lembra ontem a noite? A camisinha furou, por isso resolvi te contar a verdade e dar-te boa sorte, para lutar contra o próprio preconceito e sentir na pele o que você fez comigo e que várias pessoas farão com você.”
Marília Gudafternon Andrade

* 12/05/1985

† 24/09/2007

• Saber e Sentir


Posso aprender a voar e quando enstiver lá no alto saberei como é ser um pássaro.
Seu olhar verdadeiro no meu forte, me ensina como eu posso encarar a vida.
Posso ver um velho sábio contar suas histórias e conhecimentos e absorvendo isso a minha mente, aprendo a sonhar.
Meus amigos podem comigos brigar, criticar, ignorar, mas eu estou disposta a saber perdoá-los, mesmo que isso dure algum tempo.
Presenciando um ato violento rapidamente buscarei ajuda e saberei que tenho sentimento pelo próximo.
Se eu ouvir falar me Deus buscarei conhecê-lo e descobrirei o quanto ele é bom.
Caso você chore, nossos olhos compartilharão lágrimas e eu saberei que te amo.
E se por ventura eu preferir singular ao invés do plural basta apenas deixar de saber e aprender a sentir.

• O dia em que meu amor partiu

Eu pensei que iria te amar eternamente, mas a vida não deixou e você partiu.
Abrir os olhos ao amanhecer e lembrar que no decorrer do dia você não irá me abraçar, saber que eu não vou sentir o teu toque suave sobre a minha mão, ou o calor das nossas faces, é indescritível.
Enquanto lembro dos nossos momentos, das suas palavras, dos nossos sorrisos, eu sinto mais dor, não porque sacrifiquei esses atos, mas porque pedri o teu amor, o meu amor.
Eu quero você comigo!
Preciso compreender e aceitar que de agora em diante para amar serão preciso lembranças, para chorar será preciso saudade, para te sentir será preciso sonhar.
Acabaram-se os nossos planos, os filhos que iamos ter, as viajens que queriamos fazer, a convivência que queriamos diariamente ter, acabaou-se tudo, acabou-se materiamente você.
E agora só o que me resta é continuar pensando que te amarei eternamente.